Câmara Municipal de Lagoa Formosa

Notícias

05/09/2007

Nossa Senhora da Piedade, de Aparecida, de Lourdes, do Carmo etc. todas na nossa História – Enfim, o que vale é a devoção e o culto.

O culto de Maria é tão antigo quanto a Igreja, remontando diretamente aos estímulos de louvor e de admiração a ela oferecidos pelo Novo Testamento. Esse culto manifestou-se pouco a pouco ao longo dos séculos, segundo uma evolução especial.

Nos primeiros séculos, estava inserido nas festas que celebravam os mistérios de Jesus Cristo, porque foi justamente d’Ele que Maria hauriu toda sua grandeza. Nisso não houve nenhuma preocupação de interpretação errada de tipo pagão, como às vezes se escreveu; era, ao contrário, cuidadosa atenção para não separar a proclamada obra da Mãe da do Filho. Talvez tenham sido precisamente os pagãos, com Adriano, que tentaram sufocar o culto e a doutrina judeu-cristã sobre Maria já delineada em seus elementos fundamentais na primeira metade do século I.

Maria esteve, portanto, presente no culto litúrgico da Igreja primitiva, até porque, como ensina a história, a teologia nasce da piedade e não ao contrário. Foram os títulos de “primeira entre os crentes” e de “testemunha privilegiada do mistério de Cristo” que justificaram e incrementaram o culto mariano. Também o papel de intercessão junto ao Senhor, de advogada, como a define Ireneu, nasceu bem cedo. No final do século I e início do século II, alguns escritos apócrifos em referência à Maria exerceram extraordinária influência não só sobre o culto e sobre a devoção popular, mas também sobre a pregação e sobre a arte religiosa. A devoção à Maria fundamentou-se, substancialmente, no modelo que ela ofereceu de vida de fé e de total abertura ao dom e à ação do Espírito Santo.

Desde o século IV, Maria é louvada como magnífico modelo de vida virginal, entendida como sinônimo de santidade. Desde o século V, afirmou-se uma festa própria que celebrava a Mãe de Deus em união com o mistério da Encarnação do Verbo (por isso, a data da festa cai normalmente em dezembro, pouco antes do Natal). No Oriente, os aspectos naturais de Nossa Senhora levaram, desde essa mesma época, a celebrar a festa da Natividade (8 de setembro), da Anunciação (25 de março), da Purificação (2 de fevereiro), da Assunção (15 de agosto, festa que celebramos na diocese em três paróquias dedicadas à Nossa Senhora da Abadia: na cidade de Abadia dos Dourados, Matutina e Patos de Minas; e no Santuário de Andrequicé, município de Presidente Olegário), festas essas que entraram também nas liturgias ocidentais por obra do papa, de origem síria, Sérgio I.

Na Idade Média, difundiu-se no Ocidente uma particular piedade mariana que levou a substituir a Igreja por Maria. Isso a partir da constatação de que Maria permaneceu fiel a Jesus, mesmo durante os dias obscuros da paixão e morte, e somente ela, portanto, era a Igreja naqueles dias. Ela aparece como verdadeira mãe espiritual dos crentes, como a mãe de misericórdia e o socorro dos cristãos.

Depois de um período que chamamos de “escolástica”, devido ao desenvolvimento da mariologia, foram celebradas as festas da Visitação (2 de julho), da Imaculada (8 de dezembro, celebramos na cidade de São Gonçalo do Abaeté; em Perdizes, celebramos como Nossa Senhora da Concei-ção, na mesma data), da apresentação no Templo (21 de novembro).

Fatos particulares da cristandade pós-tridentina (depois do Concílio de Trento) deram origem às festas do Rosário (7 de outubro, que celebramos nas paróquias em Iraí de Minas e Patos de Minas) e do Nome de Maria (12 de outubro, para nós: Nossa Senhora Aparecida. Temos várias capelas na diocese dedicadas sob esse título).

Tornaram-se universais as festas que eram próprias de ordens religiosas, como a do Carmelo (16 de julho, Nossa Senhora do Carmo que celebramos em Carmo do Paranaíba e Monte Carmelo), de N. Sra. das Dores (15 de setembro, que celebramos no distrito de Major Porto em Patos de Minas; também se atribui a Maria Santíssima o título de Nossa Senhora da Piedade, festa que também celebramos em Lagoa Formosa – dia 08/09), do Coração de Maria (22 de agosto) e várias outras que se originaram de devoções particulares, entre as quais a de Maria Rainha (31 de maio, comumente encerramos o mês mariano com a coroação à virgem santíssima).

A partir do século XI, desenvolveram-se entre os eclesiásticos, as pessoas religiosas e as confrarias o pequeno Ofício de Nossa Senhora, sempre presente nos livros das Horas (Em várias comunidades encontramos pessoas que cantam tais ofícios de sem precisar se quer de qualquer cópia impressa).

Nos séculos XVI e XVII, a piedade mariana assumiu às vezes formas aberrantes, especialmente na Itália, França e Espanha. Foi atribuído a Maria em certo sentido o título de deusa e ela foi indicada como uma espécie de quarta pessoa da Trindade. Ao contrário, nos países atingidos pela Reforma tentou-se separar a Virgem de Cristo. De qualquer modo, os exageros do culto católico para com Nossa Senhora provocam nos protestantes um progressivo afastamento da piedade mariana.

Nossa Senhora retoma fôlego em escala mundial na era contemporânea, sob o estímulo de eventos prodigiosos. Sobretudo as aparições de Maria em Paris na rue du Bac (1830), em La Salette (1846) e em Lourdes (1854) que voltam a dar-lhe vigor.

O culto a Maria conhece um desenvolvimento tão forte também por reação à irrupção no cenário mundial de várias ideologias atéias, como o iluminismo, o liberalismo e o marxismo, bem como à difusão do modernismo. A teologia mariana do período padece, porém, de decadismo e de mediocridade.
Só no século XX é que surge um movimento mariano com objetivos e iniciativas elevados, denso de conteúdo teológico.

As diversas Igrejas protestantes estão de acordo em reconhecer em Maria os três atributos de santa, virgem e mãe de Deus, atendo-se rigidamente às palavras da sagrada Escritura, sem deduzir delas outros privilégios. O culto prestado a Maria varia nas diversas Igrejas: em geral seu nome é lembrado nas orações a Deus enquanto mãe do Senhor; todavia, encontram-se também orações dirigidas diretamente a ela, mas somente por honra e louvor à mãe de Deus como modelo de fé e pelos benefícios com que foi gratificada por Deus.

As devoções populares tiveram as mais válidas expressões na recitação do Angelus Domini (O Anjo do Senhor), três vezes ao dia, bem como do santo rosário com a meditação dos quinze mistérios, no mês de maio. A devoção mais antiga (século IX) é a de dedicação do sábado a Maria e a que mais se divulgou foi a do canto das ladainhas de Nossa Senhora.

Testemunhas do culto e da devoção são as catedrais dedicadas a Nossa Senhora, sobretudo do século IX ao século XV, verdadeiras jóias da arquitetura, bem como um grande número de ícones, quadros, afrescos e estátuas. Essa devoção recebeu sempre incremento dos santuários marianos, nascidos às vezes no local das aparições de Nossa Senhora, como Cara-vaggio, Lourdes, Fátima (celebramos a festa a 13 de maio na cidade de Monte Car-melo), Guadalupe; às vezes por devoções particulares, como no Sagrado Monte de Varese e no de Varallo, em Loreto, em Pompéia, em Mariazell; ou também pela presença de imagens de Maria consideradas milagrosas, como em Jasna Gora, Tinos; ou ainda após lacrimações de imagens, de estátuas ou de baixo-relevos de Nossa Senhora, como em Siracusa. Esses santuários constituem local de contínuas peregrinações, lugares em que se manifesta com evidência a cada vez mais difundida piedade popular mariana.
Fonte: Diocese de Patos de Minas



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